Este projeto foi contemplado pela Fundação Nacional de Artes – FUNARTE, no Edital Bolsa Funarte de Produção Crítica sobre as Interfaces dos Conteúdos Artísticos e Culturas Populares

Diário


  JANEIRO/2010


A nossa pesquisa começou no dia 29 de janeiro de 2010 no X Encontro de Folias de Reis do Distrito Federal que acontece na Granja do Torto, em Brasília.  O evento é realizado pelo Clube do Violeiro Caipira de Brasília e propicia o encontro de violeiros, foliões e interessados nas funções que envolvem a Folia de Reis, como catira, bendito de mesa, curraleira, lundu, quatro e outras, além de shows, oficinas de danças populares e atrativos culinários que envolvem a Folia de Reis.
Em dois dias de evento, registramos violeiros de Planaltina-GO, Sagarana-MG, Silvânia-GO, Arinos-MG, Lontra-MG, Curvelo-MG e Formosa-GO, Chapada da Natividade-TO, Brasília-DF e um repentista de Icó-CE.


FEVEREIRO/2010

No mês de fevereiro, fomos aos municípios de Formosa-GO, para registrar o mestre Badia Medeiros e em Cabeceiras-GO, gravar com o Sr. Alcides Geladeira.

Nascido em Unaí-MG, Badia é guia de Folia de Reis e tem grandes conhecimentos tradicionais sobre a viola. No nosso registro, ele executou o toque da Inhuma e um coco de viola chamado Paca Cara. Além disso, fez uma pequena demonstração do lundu, dança solo de difícil e rara execução.

Alcides Geladeira é primo de Badia e é um grande compositor de música caipira. Fã de duplas como Praião e Prainha, Silveira e Barrinha e Tonico e Tinoco, Seu Alcides nos mostrou algumas interpretações dessas duplas e suas composições.

Em seguida, a equipe esteve em Urucuia-MG e registrou toques tradicionais de curraleira, quatro e folia de Reis com o Sr João Bispo de 77 anos. Fomos até a sua fazenda, a uns 8 km da cidade, guiados por duas de suas netas, de 4 e 8 anos. É incrível como as crianças sabem o caminho com tanta facilidade. Chegando lá, Seu João Bispo estava torrando farinha de mandioca que é plantada em sua propriedade. Inicialmente, seu João Bispo argumenta que sabe muito pouco de viola e que não tem muito que mostrar. Mas para nós, o pouco que ele diz saber, já é suficiente. É claro que ele estava usando de uma humildade peculiar da pessoa interiorana. Ele pega a viola e sai tocando uma tabela de Folia de Reis que dura 8 minutos. Depois, mostrou alguns lundus, curraleiras e catiras. João Bispo toca na afinação Rio Abaixo e Meia Guitarra. Percebemos que as horas que passamos com ele não foram suficientes para ele nos mostrasse tudo o que sabe. Uma pena, mas tínhamos que seguir viagem.

Ainda em Minas Gerais, estivemos em Buritis e gravamos com o Sr. Zé Lourenço, violeiro que toca na afinação Cebolão em Mi e aprendeu sozinho, só de ouvir as músicas da rádio e antigos Lp’s de sua coleção. Na mesma cidade, encontramos o grupo Buritis Violas e Violeiros que se encontra regularmente para tocar modas, cururus e pagodes tradicionais de duplas como Tião Carreiro e Pardinho, Pena Branca e Xavantinho e Tonico e Tinoco. 

MARÇO/2010




No mês de março, em Brasília, registramos Seu Manelim do Urucuia-MG. Manelim é um dos grandes mestres de viola do Noroeste de Minas Gerais. Conhece várias afinações de viola e é um excelente contador de causos. Na afinação cebolão, Manelim mostra o toque da Inhuma e do Conselheiro. Já na afinação Rio Abaixo, ele conta o causo de mesmo nome em que o capeta, um grande violeiro, tenta seduzir uma moça na beira de um rio com o toque da sua viola. E na meia guitarra, Manelim mostra alguns lundus e outra Inhuma. Fantástico !! Seu Manelim é uma pureza de pessoa e com uma sabedoria incrível.

Em Taguatinga-DF, fomos gravar com Seu João ou Mestre Dico, grande luthier de violas e violões que junto com seu filho Alexandre, perpetua a arte de construção de instrumentos musicais herdada de seu pai. Mestre Dico também é compositor e nos mostrou uma variedade de músicas de sua autoria, entre elas o Chorinho de Seu João e a Dança Goiana, um gostoso arrasta pé. Contou-nos que já fez instrumentos para Renato Andrade, Almir Sater, Roberto Corrêa, além de autoridades políticas que desejavam ter um bom instrumento em casa.

Chegou a vez de gravar com duas referências da música caipira: Zé Mulato e Cassiano. Fomos até a Chácara de Zé Mulato, que fica à beira da Barragem de Corumbá IV, a 80 km de Brasília. Chegando lá, Zé estava ocupado transcrevendo um caderno que contém os originais de suas letras e poesias para um outro caderno. Ele diz: “Este caderno contém toda a história cantada de Zé Mulato e Cassiano”. Estávamos em frente a um documento histórico. Folheando as páginas, percebo a organização que Zé tem com suas letras. Todas já tem o ritmo proposto, data da composição e estão assinadas por ele. Profundos conhecedores dos ritmos caipiras, a dupla se mantém fiel às tradições genuinamente caipiras. Contaram-nos suas histórias de início de carreira, como se interessaram pela música de viola, com quem aprenderam e muitas outras histórias.  Tudo o que eu falar por aqui vai ser pouco para descrever o tamanho do respeito que eles tem pelas tradições, pelos artistas que os influenciaram e pela viola. Assistam aos vídeos e tirem suas conclusões.

Ainda em março, fomos gravar com Roberto Corrêa. Violeiro nascido em Campina Verde-MG, mora em Brasília desde 1975 e, em 1977, começou a pesquisar sobre viola caipira. Seu avô era violeiro, mas foi assassinado ainda jovem por causa de uma moda de viola e seu pai, que tinha apenas 9 anos, não pôde herdar estes conhecimentos. Roberto passou a pesquisar e procurar nos mestres violeiros algo que estaria presente também no seu avô. Registrou toques, causos, ponteados e a partir disso criou a sua própria identidade de violeiro. Em 83, publicou o primeiro livro sobre viola caipira editado no Brasil. Daí pra cá, vários Cd autorais, espetáculos produzidos, livros, pesquisas, mais registros, aulas e etc etc etc. Já já tem vídeo do Roberto pra gente!

 ABRIL/2010


Estamos fazendo a pré-produção para a viagem à Bahia e Pernambuco. Gravaremos com tocadores da Viola Machete, um símbolo de resistência no Samba de Roda.

Em seguida, iremos à Pernambuco, gravar com poetas cantadores no interior. Vamos percorrer a capital Recife e seu interior conhecendo seus toques, suas poesias e suas sabedorias.

Brasília, 22 de abril de 2010
Chegamos no dia 20.04 em Brasília, retornando de uma viagem fantástica ao Nordeste. Fomos a Pernambuco, Paraíba e Bahia para conhecer a lida do homem dessas regiões com suas violas. Já sabendo que o violeiro do Nordeste é menos instrumentista e mais dedicado ao improviso de versos, fomos a Gravatá conhecer o poeta repentista Daniel Olímpio e seu filho Djair Olímpio. Daniel é responsável por organizar o Festival de Poetas Repentistas em Gravatá que reúne cantadores de diversos Estados do Brasil. Detentor de títulos em Festivais competitivos, Daniel tem seu filho Djair seguindo seus caminhos.
Ainda em Gravatá, Daniel e Djair nos indicaram um luthier que faz e conserta violas inâmicas. Seu Nezinho nasceu em Passira (PE) e desde 1994 vem construindo e reformando violas dinâmicas. Aprendeu por curiosidade com João Timóteo em Vitória de Santo Antão (PE). Foi assimilando aos poucos, e percebendo que era capaz de fazer por conta própria.

Posteriormente, nosso planejamento era ir em Ferreiros (PE) para entrevistar o Poeta Zé Galdino, mas o mesmo teve um imprevisto que impossibilitou o seu registro. Fomos então a Campina Grande (PB) conhecer outro Luthier de renome na região, o Dr. Souza. Fomos indicados pelo rabequeiro e poeta, Siba, que tem uma viola do Souza, como prefere ser chamado.
Souza começou a construir violas dinâmicas por influência do repentista e luthier Adauto Ferreira, já sabendo restaurar e construir cavaquinhos, violões e bandolim. Hoje é um dos grandes luthiers que se dedicam a construir este tipo de viola.

No mesmo dia, conhecemos o repentista Arnaldo Cipriano. De personalidade forte, resistiu bravamente para participar do nosso projeto. Mas conversa vai, conversa vem e gravamos com ele à noite na varanda de sua casa, que também é um comércio de novos e usados. Natural de Parelhas-RN, Arnaldo cria verso desde os 8 anos de idade. De lá pra cá, já andou por todo o Brasil mostrando seus versos. Já este na Venezuela e Uruguai cantando e tocando viola. Também já participou da coletânea Repente Potiguarino no ano de 2000.

Seguindo viagem, fomos encontrar Oliveira de Panelas em João Pessoa. Conheci o Oliveira em 2008 em Belo Horizonte, durante o Seminário Nacional de Violeiros. Uma pessoa formidável e com o coração muito aberto. Recebeu-nos em sua casa no bairro do Cristo Redentor. Não é o céu, mas a casinha tem um clima muito agradável, parecendo-se mais com um sítio, com galinhas e outros bichos. Um ambiente perfeito para o nosso registro. Oliveira contou-nos sua história de poeta cantador, já tendo visitado diversos continentes e ganhado inúmeros festivais Brasil afora.

Por indicação do amigo Amaro Filho, de Recife, fomos gravar com o Pedro Osmar, ainda em João Pessoa. Pedro nasceu em 1954 em João Pessoa. Tem uma trajetória de ruptura dos conceitos pré determinados para a música nordestina. Em sua música mescla elementos da música andina, eletrônica e tradicionais. Desde 1974 faz parte do grupo Jaguaribe Carne, formado em João Pessoa. Indo um pouco mais longe, Pedro fez parte da banda de Zé Ramalho, gravando nos 3 primeiros discos de carreira de Zé. Vocês podem conhecer um pouco mais do trabalho de Pedro Osmar em seu Myspace: www.myspace.com/pedroosmar



Agora, é rumo à Bahia.
Chegando em Salvador, fomos nos encontrar com o violeiro Cássio Nobre. Cássio vem realizando um belo trabalho de pesquisa e registro dos tocadores de viola machete no recôncavo Baiano. Além disso, Cássio tem um belo trabalho com outro violeiro, Julio Caldas e o percussionista Ricardo Hardmann: o grupo Viola de Arame. No grupo, Cássio e Julio se revezam nas violas machete e caipira nas afinações natural, cebolão e rio abaixo. Gravamos com o grupo numa manhã chuvosa em Salvador num estúdio belíssimo. Com certeza, um grande registro pro Projeto.

Após terminar a gravação com Cássio, fomos planejar a ida ao Recôncavo, que seria no próximo dia.  Cássio nos guiou nessa viagem.

Começamos pela cidade de Amélia Rodrigues. Fomos até a casa do seu Geo, de 80 anos. Geo é um entusiasta do samba da cidade. Não toca nenhum instrumento, mas faz todo esforço para que os tocadores da cidade mantenham a tradição do samba de roda. Tira recursos do próprio bolso pra comprar instrumentos, roupas e acessórios pro samba acontecer.
Entre os tocadores, nos levou até o violeiro Vanju e Campina, que o acompanha no violão. Já tem músicas deles pra baixar na seção Áudios.  Ainda em Amélia Rodrigues, seu Geo nos levou a um luthier que desde 1948 constrói violas machete e meia regra.  Seu Zé Carpina aprendeu com o mestre Zeca Coelho, afamado violeiro e construtor de violas da região. Como a procura por machetes é muito pequena, de 1957 até hoje ficou sem fazer violas. Aos poucos vem fazendo para interessados da região. Esperamos que faça cada vez mais.

Seguindo viagem, fomos a São Francisco do Conde encontrar os queridos amigos do Samba Chula Filhos da Pitangueira. Os conheci em 2007 aqui em Brasília. De lá pra cá, vários encontros e muita amizade.  Os Filhos da Pitangueira é um dos poucos grupos que ainda tem a viola machete no samba. Fizeram uma bela apresentação com as mulheres dançando com muita alegria.

Ainda em São Francisco do Conde, conhecemos um virtuoso da viola machete. Seu Zezinho aprendeu vendo os mais velhos e domina como poucos este instrumento. Toca em qualquer tonalidade,  como ele mesmo diz, e ainda é um virtuoso do cavaquinho. Vale muito à pena baixar o conteúdo que tem aí do Seu Zezinho.

MAIO/2010


Após um atraso na saída de Brasília e 9 horas de viagem de carro, chegamos em Campinas para registrar alguns violeiros que ali residem. Começamos o trabalho por lá com o João Paulo Amaral, violeiro que tive o prazer de conhecer em Belo Horizonte em 2008. Na época ele fazia parte do Trio Carapiá e trocamos Cd’s, fazendo com o que o contato permanecesse até hoje.

João Paulo é professor de viola na Universidade Tom Jobim e instrutor da Orquestra Filarmônica de Violas, que é coordenada pelo Ivan Vilela. Ele nos recebeu em sua casa e nos contou um pouco do seu aprendizado com a viola, acompanhando as cantorias de modas e pagodes de seu pai, um apaixonado pela música caipira.
Em sua tese de mestrado, João Paulo destrinchou o universo musical de Tião Carreiro, focando-se especificamente no disco Solos de Viola para Viola Caipira em que Tião mostra sua categoria como instrumentista de viola, executando boa parte de seu seleto e vasto repertório em versões instrumentais. Dono de um técnica e sensibilidade incríveis, João prepara o lançamento do seu primeiro disco solo. Nos mostrou algumas músicas que farão parte do disco e nós estamos compartilhando com vocês.

João Paulo nos indicou um violeiro com quem poderíamos gravar no outro dia pela manhã, já que só iríamos gravar às 17h com o Paulo Freire.

Vinícius Alves mora em São João da Boa Vista, que fica a 125 Km de Campinas, e para gravar com ele, fomos até a cidade de Águas da Prata, vizinha de São João da Boa Vista. Como boa parte dos violeiros mais jovens, Vinícius migrou do violão e guitarra para a viola. Já utilizou a viola em grupos de rock e acredita que o instrumento ainda tem um grande potencial para ser explorado. A partir de gravações de Líu e Léu e Vieira e Vieirinha, se mostrou interessado em pesquisar ritmos e toques tradicionais. Grande instrumentista, Vinícius tem visitado várias cidades do interior de São Paulo ministrando workshops e cursos de viola caipira com método próprio e simples, despertando em jovens, crianças e idosos o interesse em tocar viola.

Chegou a hora de gravar com Paulo Freire. Fomos até sua casa, uma chácara afastada alguns quilômetros de Campinas. Nascido em São Paulo, migrou da guitarra para a viola ao ouvir as violas de Heraldo do Monte no Quarteto Novo, Renato Andrade e Antônio Madureira no Quinteto Armorial e principalmente por ler o Grande Sertão: Veredas, de Guimarães Rosa. Encantado pelas narrativas que citavam muito a região de Urucuia, em Minas Gerais, em 1977 Paulo se mandou pra lá e chegando em Serra das Araras, ficou sabendo que a região tinha uma grande quantidade de violeiros e funções ligadas à viola. Em Porto de Manga, atual Urucuia, conheceu Seu Manelim, com quem morou durante anos, trabalhando no roçado e de quebra aprendendo viola e os mistérios da região. Hoje em dia, Paulo também vem se dedicando a contar causos, acompanhado de sua viola. Vocês podem conferir o causo do Pedro Paulo. Ta bonito !!

E ainda tinha mais uma gravação no mesmo dia. O João Paulo Amaral nos avisou que teria ensaio da Orquestra Filarmônica de Violas, da qual ele é instrutor. Marcamos na Unicamp, e chegando lá, a Orquestra já estava ensaiando. O resultado sonoro deste encontro de pessoas de gerações diferentes é realmente fantástico. Os arranjos são todos muito bem elaborados, divididos por naipes e muito bem ensaiado. A orquestra é dirigida pelo Ivan Vilela, que não pode estar presente na gravação. Eles nos apresentaram arranjos para Você vai gostar de Elpídio Martins, Chalana e mostraram uma composição de um dos integrantes da Orquestra, o seu Messias. Deixo registrado os meus parabéns ao trabalho e esforço de todos os integrantes, monitores e coordenadores da Orquestra Filarmônica de Violas

Pra finalizar, no outro dia, fomos gravar com um quarteto de violas, chamado Viola Arranjada. E bota bem arranjada nisso. Chegamos na casa de Thiago Rossi, que também é integrante da Orquestra para gravar com seu grupo. Em um ambiente agradável, ele e seus amigos, Vinícius Muniz, Anderson Batista e Hugo Águila nos mostraram belas composições feitas especialmente para esta formação de quartetos. Corre lá pra ver nos vídeos.

JUNHO/2010

Penso que esta viagem foi a mais rápida de todas. Saímos de carro de Brasília bem tarde, com destino a Cuiabá. Não conseguimos chegar no mesmo dia, e na estrada descansamos em Barra do Garças. Com o objetivo de ainda gravar em Cuiabá, saímos e fomos ao encontro do Alcides que é um grande artesào da viola de cocho. Ele cuida do Pontão da Viola de Cocho, administrando oficinas no interior do Estado, fornecendo matéria prima  para os oficineiros construirem suas violas. Também constrói oficinas e vende para todo o Brasil.
Como ele estava muito atarefado nos compromissos do Pontão, marcamos de gravar com o violeiro Daniel de Paula.
Daniel é um grande músico que vem mostrando novas possibilidades com a viola de cocho, em composicões que exploram ritmos tradicionais cuiabanos aliados numa forma mais moderna de se tocar. Conhce muito bem as tradições musicais cuiabanas e nos apresenta belas músicas para o nosso registro.

Nobres, é uma composição que ele fez em homenagem à cidade homônima no interior do Estado, onde pôde aprender muito sobre a viola de cocho e se inspirar para montar seu trabalho. Com seu trabalho, Daniel já participou do Prêmio Syngente de Música Instrumental de Viola, inclusive levando prêmio para Cuiabá. Muito interessante a abordagem do Daniel com a viola de cocho. Nos mostra como é possível utilizar de suas referências regionais e recriar a música com ideias novas. 


No outro dia, pela manhã fomos a Rosário Oeste, conforme indicação do Alcides, para gravar com o  Seu Damião, que constrói violas de cocho no quintal de sua casa, juntamente com jovens da cidade. É responsável por perpetuar esta arte em Rosário Oeste. Ele nos mostra alguns cururus e siriris que fazem parte de sua  tradição com a viola de cocho.


Na parte da tarde, combinamos de gravar com o Mestre Francisco Sales, pois o Roberto Corrêa nos recomendou o mestre. Aos 73 anos e de família de violeiros, conhece muito bem as tradições do cururu , siriri, São Gonçalo  e Divino Espírito Santo, além de ser um grande artesão da viola de cocho. Como muitos, aprendeu vendo seu pai fazendo violas e cantando cururus. Em certo momento, seu Francisco Sales busca a viola caipira, e afinando na afinação boiadeira, nos mostra uma Ladainha do Divino Espírito Santo. Vejam os vídeos dele ! É coisa pura demais !!


Pra fechar Cuiabá com chave de ouro, deixamos o último dia para gravar com o Mestre Caetano, que é pai do Alcides. Aos 85 anos, e com uma memória incrível, toca vários cururus de sua autoria, mostra ladainhas de Bom Jesus do Carvalho. Nasceu em Barão de Melgaço e aos 21 anos se mudou para Cuiabá.  Aprendeu cedo a construir violas, com orientações de seu pai. Sempre cantou cururus com seus irmãos na região de Cuiabá, tanto no rio acima, quanto no rio abaixo. ( Não são afinações. São regiões, tendo como referência a cidade de Cuiabá ). Ele comenta ainda as modificações que vem acontecendo nas vestimentas dos grupos de siriri do Mato Grosso. Reclama que estão estilizando demais a dança, se parecendo mais com "lambadão". São os tempos modernos.

Agora temos que ir, pois o Paraná nos espera.



JULHO/2010




É chegada a última etapa do nosso Projeto. Vamos ao Paraná, gravar com Rogério Gulin em Curitiba e  alguns violeiros no litoral Paranaense da tradição do Fandango.
Rogério nos recebe em sua casa e mostra sua coleção de violas fandangueiras na parede.
Rogério começou a tocar viola em 1978, atraído pelo nome VIOLA DE 10 CORDAS. Fez cursos com Roberto Corrêa, que foi o grande estímulo pra ele seguir no caminho da viola. Tocando em várias afinações, 
Rogério apresenta algumas de suas composições e  ainda coloca seu filho Victor Gulin, de 12 anos, pra tocar Extremosa Rosa do Roberto Corrêa. O garoto tem um futuro danado !


No outro dia, pegamos um ônibus para Paranaguá. Lá, iríamos atrás dos grandes mestres do Fandango Paranaense.
Primeiramente, fomos gravar com os mestres Waldemar Cordeiro, Anísio Pereira e Seu Brasílio na Ilha dos Valadares. Seu Waldemar nos recebe em sua casa junto de seus companheiros com muita atenção. Eles nos contam como eram os fandangos na época em que moravam no sítio. O fandango acontecia por conta dos mutirões de roça quando familiares e vizinhos se juntavam pra cuidar da roça de uma pessoa, e após cuidar da roça, faziam o Fandango. Era fandango pra mais de roça. 

No nosso registro, seu Waldemar nos demostra alguns toques na viola de marcas como o Anu, a Tonta e juntos mostram algumas marcas como a Chamarrita e o Marinheiro.  Simplesmente fantástico encontrar estes mestres com energia para segurar o Fandango na Ilha dos Valadares.

Mais tarde, encontramos com seu Nemésio Costa e Gerônimo dos Santos que fazem parte do Grupo Pés de Ouro. Gravamos com eles no museu de Paranaguá, uma bela construção do século XVIII. O Grupo Pés de Ouro vem realizando oficinas de Fandango no museu, colocando a criançada local para participarem das festas e bailes de fandango. O que podemos perceber nesta viagem, é que muitos jovens se interessam em dançar o fandango, mas são poucos os que querem tocar viola, rabeca e adufo, os instrumentos principais de um Fandango. E Nemésio Costa tem um papel fundamental na inserção destes jovens nos grupos musicais de fandango.  O grupo Pés de Ouro vem se destacando com suas oficinas e apresentações na região de Paranaguá.

3 comentários:

TRIVOLIM - CIA DE EXPRESSÕES POPULARES disse...

Interessante a proposta...encaminhei para dois companheiros e suas respectivas violas, aqui do Ponto de Cultura "Sementes das Expressões Brasileiras", temos alguns videos deles postado no blog também, é bom essa iniciativa pois vai ampliando o leque frente esse imenso país e sua multiplicidade cultural.
Parabéns, pela ação!!
Abraços, Wilson Sacramento

Acervo Origens disse...

Valeu Wilson

Multiplicar é nossa intenção

Abraço

amaro disse...

FUI VAQUEIRO DA FAZENDA
LÁ NO PARQUE SÃO JOSÉ
DEUS SEMPRE DEU A FÉ
PRA FAZER A MINHA EMENDA
ESPERO QUE COMPREENDA
POR MINHA IGRATIDÃO
PASSEI MUITA HUMILHAÇÃO
NÃO POSSO FICAR CONTENTE
O VAQUEIRO TAMBÉM SENTE
MÁGOA, SAUDADE E PAIXÃO.

MANOREI COM MARIQUINHA
ERA FILHA DE SEU JOAQUIM
TUDO ELA JÁ FEZ POR MIM
EU ACHO ELA UMA GRACINHA
MAS SEI QUE A SORTE MINHA
É SOFRER COMO UM CÃO
MAS SÓ RECEBO TENTAÇÃO
PASSANDO DIARIAMENTE
O VAQUEIRO TAMBÉM SENTE
MÁGOA, SAUDADE E PAIXÃO.


Mote: Petrônio.
Glosa;O POETA DA SORTE

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